O tarifaço de Donald Trump não terá o mesmo peso para todas as regiões do país. É o que mostra um estudo da Fundação Getúlio Vargas. Esse impacto vai depender, por exemplo, do quanto as exportações para os Estados Unidos representam para a economia de cada estado, do tipo de bem que é exportado e até do nível de qualificação da mão de obra.
Entre os estados do Sudeste, Minas Gerais apresenta a maior fatia de seu comércio sobretaxada, com 63%. O estado comercializou US$ 4,6 bilhões aos americanos no ano passado, e agora US$ 2,9 bilhões desse montante têm incidência de 50%. O principal produto é o café, com US$ 1,5 bilhão do valor. O Brasil é o principal parceiro dos Estados Unidos para esse produto.
Levando-se em conta estas variáveis, é pertinente uma análise sobre os impactos das novas tarifas aqui na região. Da lista de produtos agrícolas com sobretaxa de 50%, alguns deles, como o café, são cultivados aqui na região do Padap.
No entanto, ao observarmos o amplo e diversificado leque de produtos, em sua maioria da linha hortifruti, e por isso mesmo, amplamente consumidos no mercado interno, como o Alho e a Cenoura, a primeira impressão é de alívio para os produtores e para a própria economia local. Também a carne, outro produto sobretaxado, não ocupa lugar de destaque aqui na região, o que nos leva a concluir que se houver impactos, com exceção do café, serão indiretos. Já o Abacate, que vem ganhando cada vez mais espaço nos campos de produção, é exportado principalmente para a Europa.
Alho
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O alho é uma hortaliça produzida em todos os continentes, sendo utilizada como condimento na alimentação humana e também para fins medicinais. O continente asiático (especialmente China e Índia) dominam a produção, equivalente a 85% da quantidade global (30.708.243 toneladas). Já nas exportações, a China e a Espanha são os principais destaques, tendo vendido 77% e 8% da totalidade exportada, respectivamente.
O Brasil apesar de ser responsável por apenas 0,4% da produção mundial é o segundo maior importador e o sétimo maior consumidor global da hortaliça, à frente da Rússia e de outros países asiáticos. Em 2019 o país consumiu 296.912 toneladas (1% total mundial), desse valor aproximadamente 165.000 toneladas são produzidas nacionalmente e o restante adquirido principalmente de China, Argentina, Espanha e Egito (recentemente o país adquiriu pequenas quantidades do Peru e do Chile).
O país necessita do produto importado desde os anos 1960, no entanto vêm sendo desenvolvidas inovações tecnológicas que permitem aumento no rendimento e, consequentemente da quantidade disponibilizada nacionalmente.
O alho brasileiro tem como principais destinos de exportação países como o Egito e países do Mercosul, com destaque para acordos de livre comércio. O Brasil também tem espaço para exportar para o mercado europeu, especialmente para países como a França, que tem um consumo significativo de alho.
O Egito é um dos principais destinos do alho brasileiro, com acordos de livre comércio entre o país e o Mercosul, do qual o Brasil faz parte. Os países do Mercosul também são importantes compradores do alho brasileiro, aproveitando acordos comerciais e a proximidade geográfica.
Há potencial para aumentar as exportações de alho brasileiro para a Europa, com a França como um mercado promissor devido ao seu consumo.
Abacate
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O gerente da Abrafrutas, Jorge Souza, apresentou dados que mostram que, embora o Brasil seja um dos maiores produtores de frutas do mundo, exporta apenas 2,3% de sua produção. Em 2024, o Brasil conquistou quatro novos mercados para o abacate, incluindo o Chile, Costa Rica, Japão e Índia.
O principal destino das exportações de abacate brasileiro é a Europa, com destaque para países como Holanda e Espanha, que importam grandes quantidades da fruta. Além disso, o mercado japonês tem se mostrado um destino promissor para o abacate brasileiro, com a conquista de um novo mercado no Japão em 2024. Outros destinos importantes incluem a América do Sul, com destaque para o Chile, e a Costa Rica.
Cenoura
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A produção de cenoura em Minas Gerais, com destaque para a cidade de São Gotardo como a capital nacional da cenoura, é destinada principalmente ao mercado interno brasileiro. Mais de 61% da área cultivada com cenoura no Brasil está em Minas Gerais, com São Gotardo liderando a produção no estado. Essa produção abastece diversos mercados, incluindo outras regiões de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará, Pará e até mesmo regiões do Uruguai.
Milho
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O milho produzido em São Gotardo tem múltiplos destinos, incluindo o consumo direto na própria fazenda, a produção de alimentos para animais (principalmente aves e suínos) e o abastecimento de indústrias alimentícias. Uma parte também é destinada à exportação.
A exportação de milho em 2025 cresceu consideravelmente, principalmente em agosto quando bateu recorde de 7,65 milhões de toneladas, esse recorde fez com que a exportação do milho ficasse em 5º lugar como um dos produtos mais exportados no Brasil. Esses números tendem a crescer ainda mais em 2026 e é isso que os produtores do milho esperam para o ano.
A exportação de milho do Brasil no acumulado do ano de 2025 até dezembro atingiu então 43,2 milhões de toneladas fechando 2025 em novo recorde.
Principais Destinos do milho brasileiro: Japão, Irã, Vietnã, Coreia do Sul e Egito
Fonte: ComexStat
Café
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O café produzido em Minas Gerais tem como principais destinos os mercados interno e externo. Grande parte da produção é destinada à exportação, com os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão sendo os principais compradores.
O Brasil é de longe o maior fornecedor, respondendo por cerca de um terço de tudo o que é importado pelos americanos.
A China também tem aumentado suas importações de café mineiro de forma significativa. Além disso, o café também é consumido em larga escala dentro do Brasil, com Minas Gerais sendo um grande produtor e consumidor do próprio produto.