Basta uma observação mais perspicaz de um amigo ou familiar para que uma criança ou adolescente ganhe de presente um apelido que, muitas vezes, nos acompanham por toda a vida.
No Brasil, essa arte de renomear é quase um esporte nacional, e o bom humor é, sem dúvida, o tempero principal dessa tradição. Quem nunca teve um amigo cujo apelido era a antítese de sua aparência ou personalidade? Ou, ao contrário, reforçasse algum atributo que nos é próprio?
É nesse cenário que surge a história de Luciano, um homem que, hoje, pode até ser robusto, mas que na infância ganhou um rótulo que carregaria por décadas: "Meio Quilo". Naquela época, era comum que crianças pequenas e magras recebessem apelidos que as descrevessem de forma exagerada ou irônica. A alcunha não era pejorativa, mas sim uma forma afetuosa de comentar sua delicadeza e tamanho reduzido em comparação com outras crianças da mesma idade.
Uma prova cabal de que a criatividade popular e o senso de humor são ingredientes indispensáveis na hora de batizar alguém, transformando uma característica em uma identidade única e inesquecível.
Tive o prazer de conhecer o Meio quilo quando ainda trabalhava na gráfica do 'Figura'(nos aguarde, que já estamos curiosos para decifrar seu apelido também). Ainda naquela época, quando ainda jovem, já esbanjava simpatia e senso de humor, atributos indispensáveis para lidar com as travessuras da vida.
Você sabe o meu nome? Qual o meu nome de verdade? Me pergunta o nosso entrevistado. Te conheço há mais de 20 anos, mas não tenho a mínima ideia, respondo. É Luciano, Luciano Henrique Ferreira. Muito prazer, 'Meio quilo', digo, Luciano.
Desfeita a primeira dúvida, vou logo ao que interessa: Onde e quando surgiu este apelido? O apelido veio de longe, veio de Goiás.
Goiás? É, eu sou nascido em São Gotardo, mas com seis anos de idade mudei para Goiás. Aí lá, tinha um senhor de idade, e eu gostava muito dele, e ele, de mim. Ele ficava andando pra lá e pra cá, eu atrás dele, e então, ele começou a me chamar de Meio quilo, em tom de brincadeira, e o apelido pegou. Acho que pelo fato de eu ser muito franzino quando criança.
E o retorno a São Gotardo? Aí, nos mudamos de Goiás de volta pra cá. E ninguém me conhecia aqui, né? Então, eu tinha a chance de acabar com o apelido de Meio quilo; só que meu irmão espalhou pra todo mundo. Aí, ficou, meio quilo pra cá, meio quilo pra lá e é assim até hoje, a maioria das pessoas que me conhecem, me conhecem como Meio quilo, não por Luciano.
Eu posso estar enganado, mas certamente porque você era meio franzino, mais miúdo. Bem miúdo, quer dizer, pelo olhar brincalhão daquele senhor eu não pesava nem um quilo, daí, começou a me chamar de Meio quilo.
Isso nunca te incomodou? Você se deu bem com o apelido? Não, nunca tive nenhum problema. Vejo como uma brincadeira saudável. ninguém me chama de Luciano, só meus pais e minha mulher, mas quando ela está brava, é Meio quilo mesmo.
Você está com quantos anos? Vou fazer 40 anos em dezembro. Tenho uma filha.
E hoje você trabalha aqui na R7, não é isso? Trabalho na R7, há uns 5 anos, eu e meu sócio.