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    Leonardo Camisassa

    Leonardo Camisassa

    Segunda, 27 Outubro 2025 12:59

    Algumas palavras soltas...

    Vivemos tempos confusos.

    De um lado, o lado econômico, temos boas notícias. Um desemprego em queda, a menor taxa de desemprego em vários anos, crescimento do nível de renda, aumento do consumo, inflação em menor ritmo, o dólar sem oscilações muito grandes. Enfim, em termos de questões macroeconômicas, é possível dizer que o Brasil vai bem.

    De outro lado, o lado social, há uma maior confiança do consumidor, o ritmo de crescimento do endividamento familiar não é assustador, pessoas conseguem viajar mais, melhorar seus hábitos de consumo.

    De um outro lado, agora o lado político, o Brasil está um pouco confuso. Para uns, a economia brasileira está em frangalhos, nada está funcionando (mesmo que este nada não seja muito preciso...), a corrupção está altíssima, descontrolada, mesmo que as ações da Polícia Federal mostre o contrário.

    Se nos atentarmos, em primeiro lugar, a um lado da nossa moeda de três lados, a questão econômica, estamos vivenciando um fato que demonstra que o gasto do governo não é, de forma alguma e como gostam de afirmar alguns analistas econômicos, algo prejudicial à economia. O fato de o governo operar com déficit em seu orçamento não é um problema de fato e sim, soluções que se apresentam à sociedade. Um gasto, como digo sempre, gera emprego, gera renda, gera consumo e gera menor angústia aos indivíduos que sabem que poderão pagar suas contas no final do mês.

    Como entender analistas que persistem criticando a condução da política econômica se a economia está crescendo?

    Agora, um orçamento equilibrado, ou seja, o governo gastar somente aquilo que arrecada, se torna uma falácia e algo que só funciona em nossas casas e, na verdade, nem sempre isso acontece, senão não teríamos cartões de crédito ou cheque especial ou outro tipo de produto financeiro que os bancos enfiam em nossas goelas abaixo.

    Na verdade, não é o déficit do governo que faz os juros subirem e sim os juros que forçam maiores déficits.

    Como nossa moeda tem mais dois lados, o lado social e econômico se estabiliza com o crescimento econômico. Consumo, renda, poupança, maiores vendas, menor endividamento e menos sofrimento e menos angústia.

    Já o terceiro lado dessa moeda, o lado político, vem se tornando, cada vez mais, um problema insolúvel. Temos um Congresso assustadoramente isolado do resto da população. Brasília se tornou um mundo à parte e a aprovação na Câmara dos Deputados da hoje extinta PEC da blindagem ou mesmo da bandidagem, mostra o quanto nossos estimados representantes na verdade pensem somente em si mesmo. Como pensar em uma proposta de emenda à Constituição que daria passe livre a alguns para que se refastelem em um mar de corrupção dependendo somente de se para que sejam julgados pela justiça.

    Além disso, de forma alguma qualquer anistia pacificará o país. Seria o mesmo que pensar que anistiando o ladrão o roubo iria diminuir.

    É para lembrarmos do saudoso Stanislaw Ponte Preta e seu Febeapá, ou o Festival de Besteira que Assola o País.

    E começamos o mês de outubro com uma boa notícia já que o Congresso aprovou a isenção de imposto de renda para aqueles indivíduos que ganham até cinco mil reais mesmo que alguns comentaristas critiquem essa proposta porque aumentou a alíquota de imposto de renda para os chamados super ricos que, mesmo assim, continuarão super ricos.

    Cada vez mais o Brasil, de fato, não é para amadores!

     

    Segunda, 30 Junho 2025 22:54

    FENACEN e outras coisas...

    Estamos próximos de um evento que movimenta nossa cidade. Julho é o mês da FENACEN, festa esperada ansiosamente por boa parte da população de São Gotardo.

    Se tornou um festival importante para a cidade não só pelas atrações que traz para a cidade, mas principalmente pelo estímulo que gera para a atividade comercial.

    Roupas são compradas, salões de beleza se deparam com suas agendas cheias, comércios diversos como sapataria, lanchonetes, restaurantes, hotéis, se deparam com uma forte demanda pelos seus serviços e arrisco a dizer que toda essa atividade não se limita a São Gotardo, mas 'transborda” para outras cidades no entorno.

    Todo esse frenesi causado pela FENACEN tem uma lógica que é muito estudada por economistas, administradores, gestores públicos e carrega, formalmente, o nome de efeito multiplicador da renda e do investimento.

    É uma lógica muito simples. Quando se anuncia um evento qualquer, com o nome de alguns cantores conhecidos nacionalmente, toda a cidade se movimenta. Lojistas começam a pensar em como montar seus estoques para a época da festa, hotéis se organizam para receber mais hóspedes, restaurantes se preocupam em contratar mais mão de obra para atuar naquele período assim como os comerciantes. Motoristas passam a disponibilizar seus carros para o transporte das pessoas, ambulantes se cadastram na prefeitura e no momento da festa, dentro de seus muros se instalam várias barracas de alimentos e bebidas.

    É uma festa não só pela diversão ofertada como também para o comércio.

    A cidade toda ganha. Ganha a prefeitura que arrecada mais, cresce o faturamento das atividades comerciais e de serviços.

    Esse efeito multiplicador ocorre somente em festas como a FENACEM? A resposta a essa pergunta é não. Ocorre também no natal, no dia de finados, dias dos pais e das mães, namorados, etc, e é por isso que vira e mexe aparece um dia de alguma coisa.

    A questão a qual quero chega é a seguinte. É, acredito, claro para todo mundo esse efeito benéfico de festas assim. Mesmo que não se coloque dentro dos termos formais das teorias, todos tem a percepção desses benefícios. A questão aqui, na verdade, é outra.

    Esse efeito multiplicador provocado, por exemplo, pela FENACEM, ou FENAMILHO, ou qualquer outra, é na verdade um efeito multiplicador que gera efeitos no curto prazo. Passado o momento da festa, por algum tempo além, esses benefícios perdem força e passa a ser esperada, também de forma ansiosa, a festa que ocorrerá no ano seguinte.

    Aqui devemos fazer uma distinção desses acréscimos de investimento e renda gerados pela iniciativa privada em busca de um lucro imediato e os acréscimos de investimentos e renda gerados pelo setor público, sejam as prefeituras, os Estados ou o Governo Federal.

    Enquanto os empresários buscam ganhos imediatos, a lógica de uma política de investimento público não se pauta por ganhos imediatos e sim por ganhos de longo prazo. Ao se construir uma rodovia, um hospital, uma escola ou gastos com saneamento básico, iluminação pública, os efeitos desses gastos públicos se tornam de longo prazo, independente se haverá uma grande festa neste ou naquele ano.

    Dai a importância dos órgãos públicos em manter políticas fiscais (ou gastos) ativas. Haverá um crescimento na renda e no emprego que não se limitarão a um período específico de uma festa ou um evento e sim perdurará por mais tempo. Podemos pensar em vários exemplos do que estou falando, mas nada melhor do que pensar no projeto PADAP que fez com que São Gotardo se tornasse o que se tornou.

    Para isso é necessário que o governo gaste. Antes de admirarmos a China, devemos ver que sem o estado chines, a China não seria o que é hoje.

    Ou seja, temos que parar de repetir de forma inconsequente que o governo não pode gastar. Pode e deve. A história nos mostra isso.

     

    Segunda, 28 Julho 2025 22:50

    Luzes no fim do túnel!

    Tem momentos em que um simples ditado, aqueles que resumem a vida em poucas palavras, tem uma enorme veracidade. Estou falando daquele que diz que o tempo voa e essa é uma verdade incontestável, afinal estamos já em julho e passamos da metade do ano de 2025.

    Tantas coisas acontecem ao mesmo tempo que acabamos não percebendo o tempo passar. O mundo está cada vez mais envolvido em conflitos, guerras e intolerâncias.

    Intolerâncias religiosas, políticas, guerra da Rússia e Ucrânia que se arrasta sem muitas perspectivas de solução e, mais recentemente, Israel resolveu atacar o Irã que, obviamente, respondeu ao ataque. E, como não poderia deixar de acontecer, o governo americano resolveu colocar o dedo nesta ferida atacando, por sua vez, o Irã.

    Onde toda essa confusão irá parar? Ninguém sabe. O conflito irá caminhar para uma guerra mais ampla? Os envolvidos irão sentar e negociar? Qualquer coisa que se diga a esse respeito será mera especulação. A única coisa que sabemos é que ninguém sabe como vai acabar.

    E, diante de um contexto incerto como esse, o que podemos fazer é tocar nossa vida fazendo valer aquela máxima que diz “vamos deixar tudo como está para ver como que fica” ou, como diz Lampeduza, “é preciso que tudo mude, para que tudo permaneça como e´”.

    E nossa vida vem sendo marcada por algumas boas notícias.

    Recentemente o IBGE divulgou alguns números interessantes a respeito do mercado de trabalho divulgados pela última PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua).

    A taxa de desocupação caiu 6,2% no trimestre que se encerrou em maio e esse não é um número qualquer porque representa a menor taxa de desocupação nos últimos 13 anos. O número de trabalhadores com carteira assinada atingiu o patamar de 39,8 milhões de pessoas.

    Ao mesmo tempo, acompanhado o crescimento da taxa de emprego, a massa de rendimentos também vem apresentando crescimento, atingindo a marca de R$354,6 bilhões de reais, número esse que representa um crescimento de 1,8% em relação ao trimestre anterior (janeiro, fevereiro e março) e um crescimento de 5,8% em termos anuais. O rendimento médio mensal atingiu o montante de R$3.457,00 significando um crescimento de 3,1% em relação ao mesmo período de 2024.

    Outro ponto interessante apontado pela PNAD foi a redução da informalidade (37,8%) atingindo cerca de 39 milhões de pessoas. Parte da explicação desse número está no fato de que o número de trabalhadores sem carteira assinada ficou estabilizado em 13 milhões de pessoas e também ocorreu um aumento do número de trabalhadores por conta própria.

    Agora, um número que deve ser aplaudido foi o que mostra a redução do número de desalentados que caiu para 2,89 milhões de pessoas. Desalentados são aqueles indivíduos que, diante de um mercado de trabalho enfraquecido, desistem de procurar emprego e passam a viver de 'bicos” e trabalhos esporádicos.

    E quais foram os setores que puxaram esse crescimento do mercado de trabalho? Praticamente todos. Digo praticamente porque o único setor que apresentou queda na taxa de emprego foi agricultura e pesca que perderam 307 mil postos de trabalho (-3,9%). Os demais setores, indústria, serviços, atividades financeiras, transportes e outros apresentaram aumentos no número de pessoas contratadas.

    São boas notícias de fato. Crescem as vendas, o comércio se alegra, a indústria se dinamiza e por aí vai.

    E vamos tocando o barco. O mar está tranquilo e o céu é de brigadeiro? Não. De fato, não. Mas sempre é interessante dar um bom primeiro passo.

     

    Segunda, 25 Agosto 2025 22:44

    Ó tempora!

    O mês que se encerrou foi, no mínimo conturbado.

    Começamos o mês de julho com a notícia que governo estadunidense decidiu impor uma taxa de 50% sobre as transações comerciais entre Brasil e Estados Unidos sob a alegação, incorreta, diga-se de passagem, de que haveria um superavit comercial a favor do Brasil contra os Estados Unidos.

    Incorreta pelo fato de que, na verdade, existe um déficit do Brasil nas relações comerciais entre os dois países, o que significa que o Brasil compra uma quantidade maior de mercadorias dos Estados Unidos do que é capaz de vender para o povo americano. E, considerando o que vendemos e o que compramos, vendemos uma quantidade maior de produtos primários e compramos uma quantidade relativamente pequena de produtos industrializados, gerando um desequilíbrio na Balança Comercial em favor dos Estados Unidos.

    Foi colocado na imprensa, em função de uma carta enviada pelo presidente americano que a imposição desta tarifa passa pela extinção do processo no Supremo Tribunal Federal das ações contra o ex-presidente pela tentativa de golpe de Estado.

    Existem várias nuances em todo este imbróglio.

    Como podemos descartar a questão do superávit brasileiro contra o Estados Unidos, resta pensar a questão da anistia que está sendo exigida pelos Estados Unidos, o que não me parece ser o foco principal da questão, e pensar a questão colocada pelo fortalecimento dos BRICS e o esforço de substituir a moeda americana, o dólar, como moeda de troca internacional por transações comercias entre países do BRICS realizadas por moedas destes mesmos países.

    Estamos vivendo, na verdade, um período interessante, no qual podemos perceber que um império vem perdendo força e luta desesperadamente para se manter vivo e para não perder o principal instrumento de poder que é a moeda. Perdendo este instrumento restará outro, mais perigoso, que são as armas o que permite a vários analistas afirmarem que no fim de tudo, haverá guerra.

    É o que a história nos mostra!

    O fato é que julho foi um mês, como dizem os mais jovens, “punk”!

    Todo um discurso nacionalista foi acionado. O governo federal passou a verificar números favoráveis e crescentes nas pesquisas de opinião pública. A oposição, meio desnorteada, começou a defender de forma atabalhoada a imposição das tarifas para depois perceber o caminho sem volta que estava trilhando.

    De tudo um pouco. Muito se diz que vivemos em uma ditadura o que, é fato, não é verdade. Vivemos em uma democracia liberal, com eleições livres, alternância de poder, partidos políticos atuantes e liberdade de expressão. Mas, em uma disputa eleitoral que já começou, vale tudo. O que nos resta fazer é separar o joio do trigo.

    Sob uma alegação de perseguição política, a carta do presidente dos Estados Unidos mostra claramente uma ação meio que desesperada de manutenção de um status quo, tipo vamos mudar tudo para tudo continuar como era.

    A soberania de um país passa pela sua moeda e nisto resume todas as medidas adotadas pelo presidente Trump desde que assumir o governo no início deste ano. Medidas contra a China, Europa, países da América do Sul, Ásia, ou seja, tiros dados para todos os lados. Um ambiente de terror implantando entre migrantes de todo o mundo que buscam melhores sorte no território norte-americano.

    E em algum momento chegaria a nós, Brasil, país considerando de extrema importância na América do Sul. E chegou. Que sejam pelas justificativas políticas, pelas bravatas de indivíduos que de lá apregoam serem responsáveis pelas medidas contra o Brasil, o fato é que por trás de tudo estão ações e fortalecimento dos BRICS.

    A América do Sul já não é mais o quintal do tamanho que era no passado. Mesmo que seja ainda um quintal, agora é um pouco menor e que irá diminuir ainda mais ao abandonar o dólar como unidade de conta internacional.
    Isto acontecerá de fato? Sim, acontecerá. Difícil é precisar quando, mas por isso é bom estudar um pouco de história.

    Estamos, isto sim, vivendo tempos interessantes.

     

    Terça, 23 Setembro 2025 22:34

    Desculpa esfarrapada!

    Sem querer falar sobre um tema que já tratamos aqui em vários momentos, mas, reconheço, estarei me repetindo, vamos pensar em uma lógica que para muitos chega a ser próxima de escandalosa.

    Estou me referindo aqui à necessidade da ocorrência de gastos públicos, ou pensarmos nas prefeituras, nos Estados e na União gastando dinheiro realizando obras públicas.

    Mesmo sabendo que é um assunto mais do que pisado e sim, repisado, acho estranho quando vejo economistas, gestores, analistas, jornalistas, palpiteiros e outros mais gritando aos quatro ventos que não se deve gastar ou se o gasto é necessário que seja um gasto responsável. Dai algumas questões tornam-se relevantes. A primeira, por exemplo, o que seria um gasto responsável? Segunda, por que não gastar (pensando aqui nos órgãos públicos) e mesmo assim, por que sempre que se fala em gasto se compara com o comportamento familiar no qual educadores financeiros apregoam a todos os ventos a necessidade de economizar, de guardar dinheiro, de não gastar e por aí vai.

    São várias as maneiras de enxergar o mesmo problema. Não afirmo aqui que a poupança não é necessária. Muito pelo contrário. Caso os indivíduos e mesmo as empresas tenham necessidade de adquirir bens, a poupança se torna um caminho para se atingir um objetivo proposto. Pensando em termos macroeconômicos, a geração de poupança será o ponto de partida para a realização de investimentos, considerando aqui que os recursos poupados serão investidos no mercado financeiro e estas instituições, os bancos, se encarregarão de agir como fonte de repasse dos recursos poupados para os agentes chamados de deficitários.

    A lógica é simples. Eu poupo, coloco meu parco dinheirinho no Banco, o Banco por sua vez empresta meu dinheiro para alguém e esse alguém irá investir esses recursos onde lhe for mais necessário.

    É o momento de perdermos o sono por saber que meu dinheiro anda por aí nas mãos desconhecidas? Obvio que não! O sistema financeiro funciona assim aqui e no resto do mundo. O dinheiro poupado volta para o circuito produtivo dessa forma permitindo que os novos investimentos gerem mais empregos, mais renda e por sua vez, mais poupança. O mundo gira.

    Agora, quando pensamos no governo, fica um pouco diferente. Se nos são cobrados impostos, esse dinheiro sai da circulação do consumo e fica esterilizado nos cofres desse governo. Se a carga tributária aumentar, aumenta o montante dos impostos recolhidos e se a alíquota dos impostos é aumentada, da mesma forma aumenta o volume dos recursos parados nas mãos do governo.

    Assim, esse dinheiro deve voltar para nós na forma de gastos públicos. Escolas, estradas, saneamento básico, segurança pública, etc.

    Nesse momento alguém levanta aos berros dizendo não ser contra o gasto e sim ao déficit público que acontece quando o governo gasta mais do que arrecada. Temos que gastar com responsabilidade, alguém continua gritando e completa dizendo “lá em casa eu faço assim.” “Não gasto o que não tenho”.

    Qual a resposta lógica? E daí? Você não emite moeda e nem arrecada impostos. Só os paga.

    Essa é a grande diferença. A existência de um déficit não é um problema. Todos os países do mundo têm déficit e não há ninguém estarrecido por isso. Todos elogiam a China, mas esquece de afirmar que esse país vem crescendo com gastos expressivos do governo e um déficit público perfeitamente administrado.

    Esse é ponto. Quando se associa o déficit a uma taxa de juros “criminosa” temos o Brasil. E não adianta dizer que os juros altos são consequência do déficit. Seria mais fácil entender que o déficit é consequência dos juros e não o contrário.

    Irresponsável não é o gasto e sim, transferir bilhões todos os anos para a banca financeira e usar o déficit como desculpa.

     

    Sexta, 20 Dezembro 2024 22:04

    Entender algo complexo é simples.

    Uma ideia que sempre carrego comigo é que para entender economia não é necessário ser nenhum gênio voltado para pensamentos herméticos e esotéricos.

    Muitos estudiosos da economia se especializam em teorizar uma ciência utilizando-se ferramentas que, para muitos, são inacessíveis. Usa-se matemática em excesso como uma forma de demonstrar uma ideia e esse uso da matemática é de tal forma que antes de ser economista, uma pessoa precisa ser especialista em matemática.

    Alguns preferem, inclusive, adotar argumentos que, se levarmos ao pé da letra, acharemos que, se não entendermos o que foi dito, a culpa será, fatalmente, das estrelas.

    A verdade é que por mais que possa parecer, entender economia não é tão difícil assim e para começarmos a pensar melhor, temos que partir de um principio que afirma que existem pessoas que produzem alguma coisa e pessoas que consomem alguma coisa.

    Mesmo essa distinção não deve e não é, rígida. Aquela pessoa que produz também consome ao mesmo tempo que uma pessoa que consome também produz alguma coisa.

    Quem produziu precisa vender para alguém que precisa daquilo que foi produzido. Se alguém produziu sapatos deverá, portanto, vender esses sapatos para alguém que esteja precisando de sapatos. E para que essa venda ocorra é necessário que os produtos sejam trocados e para a ocorrência das trocas é necessário a existência de um elemento que realize a equivalência dos valores dos produtos, ou seja, o homem inventa o que nós conhecemos por dinheiro.

    O dinheiro e sua unidade de referência, a moeda, agiliza as trocas permitindo que as empresas vendam os seus produtos e que os consumidores encontrem o que precisa nas prateleiras das lojas comerciais.

    Assim, começamos a entender esse processo. As mercadorias produzidas devem circular, devem ser vendidas e compradas e, a cada produto, um preço. Preços esses que podem ser alterados se uma mercadoria é abundante ou escassa.

    Diante disso, começamos a pensar em questões mais complexas. As pessoas precisam trabalhar para obter o dinheiro que precisam para comprar os objetos que necessitam. Para que todos tenham emprego, a economia deve girar, ou seja, as mercadorias devem ser oferecidas a alguém e esse alguém deve compra-la. Se as mercadorias não giram, não ocorrem novas produções e não há mais trabalho para as pessoas.

    A questão se resume, então, em fazer as mercadorias circularem e ao mesmo tempo que as empresas que as produzem disputam a preferência daqueles que consomem com outros produtores, ou seja, é necessário que haja concorrência.

    Entramos aqui em uma área que se torna bem polêmica. É possível que os preços subam nessa circulação? A resposta é sim já que existe um lapso de tempo entre a chegada de novas mercadorias nas prateleiras das lojas e a vontade ou necessidade dos indivíduos em comprá-las.

    Assim, teremos inflação. O que vem sendo feito pelo Banco Central do Brasil para controlar a inflação? Joga-se a taxa de juros para cima gerando uma retração na circulação das mercadorias, reduzindo o número de vagas de empregos oferecidas pelas empresas já que ganhar dinheiro no mercado financeiro sem correr muitos riscos é algo bem tentador.

    É preciso aumentar o nível de emprego para evitar uma corrosão na estrutura social do país? É, com certeza. Mas para isso se faz necessário sempre manter estimulada a circulação de mercadorias e é isso que o governo federal vem fazendo quando aumenta os seus gastos.

    A cada vez que o governo gasta algum dinheiro compra alguma coisa de alguém que, para vender para o governo precisou produzir e, portanto, contratar alguém para produzir. Se aumentarmos os juros o governo não compra, as empresas não produzem e o emprego não cresce.

    Portanto, temos que parar de achar que o governo gastar é uma heresia. Gastar não é o problema e gastar mais do que recebe também não é um problema. O problema é onde o governo gasta. Se gasta pagando juros para a banca financeira, aí sim, é um problema.

    Cada centavo que vai para os cofres do sistema financeiro é um centavo a menos que utilizamos para comprar alguma coisa.

    Simples assim.

     

    Segunda, 27 Janeiro 2025 22:00

    Um jantar conflituoso

    Um ano se acabou e outro está começando. Até aqui, não há nenhuma novidade. Sonhos e expectativas são construídos esperando novos e melhores ventos vindos de 2025 ao mesmo tempo que procuramos espantar frustações de 2024.

    Como aconteceu em muitos lugares, em muitos lares e, infelizmente não aconteceu em muitos outros, mesas foram postas com diversos tipos de pratos rodeados por inúmeras pessoas que se confraternizaram.

    Grandes assados, saladas, risotos, compotas de doces e antes que a fome apareça me faço entender.

    Pensem nessa mesa como se fosse o volume de riqueza gerada em um país qualquer. Os convidados são os chamados agentes econômicos, indivíduos, empresas, governo, etc., todos eles com seus pratos na mão querendo seu quinhão desse jantar, ou seja, dessa riqueza.

    Como é difícil imaginar que todos os convidados gostem dos mesmos pratos, vamos simplificar e monetizar todas as iguarias, ou seja, o leitão vale tantos reais, o risoto tantos reais, arroz mais um tanto, as saladas e doces outros tantos.

    Começa o jantar e todos levantam seus pratos buscando suas porções. Aqui o grande problema começa. Não é possível imaginar que as preferências sejam as mesmas assim como não é possível imaginar que a fome também seja a mesma. Alguns querem mais carne, outros mais arroz, outros mais saladas e os diabéticos querem mais doces.

    Em um jantar totalmente livre o resultado seria uma grande balbúrdia na qual todos avançariam sobre os pratos buscando suas partes e, com certeza, esse jantar não começaria e não terminaria muito bem e por causa disso vamos imaginar que haveria alguém disposto a organizar essa partilha que sentaria à cabeceira da mesa.

    Dessa forma o jantar seria mais organizado e o anfitrião distribuiria as porções conforme a composição da mesa. É claro que ouviríamos ranger de dentes pois alguns convidados não concordariam com seus quinhões e passam a desejar mais.

    Assim, mesmo com um anfitrião esse jantar não terminaria muito bem.

    Não sei se ficou uma analogia muito clara, mas é exatamente isso que vem acontecendo desde o final do ano de 2024.

    Após o governo federal anunciar um pacote de corte de gastos, o tão propalado “mercado” ficou insatisfeito. Queria uma porção maior em seu prato. Não ficou satisfeito em ouvir que mais alimento seria colocado no prato do trabalhador com a maior isenção do imposto de renda proposto pelo governo e, portanto, reagiu, tentando enfraquecer o anfitrião, o governo federal.

    E reagiu através da manipulação da taxa de câmbio enfraquecendo nossa moeda, o real, diante de um Banco Central inerte que não fez o que deveria fazer que seria uma intervenção no mercado cambial.

    O resultado disso foi que o dólar disparou atingindo valores acima dos R$6,00 e provocando enormes dificuldades para praticamente todos os setores da economia e principalmente para a classe trabalhadora.

    Por sua vez, parte da imprensa começou a divulgar que o Brasil estava em crise gerando ainda mais medos e insegurança alimentando ainda mais a fogueira especulativa.

    O fato é que não há crise. Há uma enorme insatisfação dessa entidade incorpórea chamada mercado em relação a seu quinhão nesse jantar. Querem mais e querem de uma forma ostensiva, gananciosa e tentam aprisionar o governo aos seus interesses.

    Não existe crise em um país que cresce, que gera emprego, que gera renda. Existe, isso sim, um grande conflito distributivo no qual uma parte da sociedade busca de todas as maneiras aumentar as porções no seu prato.

    Um conflito que mostra, infelizmente, o quanto essa elite financeira está desvinculada de uma visão de país e que poderia ser resumido a uma pequena frase: primeiro os meus, depois os teus.

     

    Segunda, 24 Fevereiro 2025 21:57

    Um bom ano velho a todos.

    Mais um ano. Novo? Tem momentos que parece que não.

    Bom, no calendário talvez sim. Talvez também naquelas inúmeras resoluções que tomamos em toda passagem de ano e que raramente cumprimos todas.

    Todo ano começa cheio de esperanças. Dessa vez será melhor. Não tem como piorar, etc, etc, etc.

    O ano que passou não foi ruim. A economia vai bem. O PIB vem apresentando crescimento apesar das taxas de juros que foram mantidas elevada por um Banco Central pretensamente independente. Desemprego menor, vendas e consumo maiores, afinal, os comerciantes não tiveram do que se queixarem das vendas de natal.

    No final do ano um novo presidente do Banco Central tomou posse levando consigo maiores esperanças que a taxa de juros venha a cair ao longo de 2025.

    Enfim, em termos de atividade econômica o Brasil vem anunciando boas notícias, mesmo que os preços continuem elevados.

    Agora, o ano que era para ser novo começou de fato continuando a ser velho!

    Nos dias iniciais de janeiro perdemos um tempo e uma energia enormes discutindo e rediscutindo e discutindo mais uma vez, e mais uma e mais uma vez... sobre uma enorme confusão criada pelas notícias falsas, ou fake, se quisermos andar na moda, que dizia respeito aos esforços do governo federal em taxar o sistema de transferência eletrônica, o famigerado PIX, noticia essa que era falsa.

    Não havia nenhuma tentativa de taxar o PIX. Havia sim um esforço da Receita Federal para aumentar o controle e a fiscalização sobre a sonegação e exatamente os maiores sonegadores alimentaram a divulgação espantosamente rápida dessa fake news sobre a taxação do PIX.

    E é por isso que o ano novo começou velho!

    É impressionante a capacidade das pessoas em acreditarem piamente em notícias falsas divulgadas em redes sociais. Muitos dizem que os brasileiros precisam ser estudados e eu me arrisco a dizer que precisa ser estudado sim. Não em relação à criatividade em produzir gambiarras e sim pela credulidade ou mesmo ingenuidade ao ouvir uma fake news e entende-la como uma verdade absoluta.

    Temos vários exemplos absurdos disso. Ovos de plástico produzidos na China, a cidade de Ratanabá, o Papa liberando churrasco na sexta da paixão e por aí vai. Ficaria até amanhã se fosse listar todas.

    O mais impressionante não é a velocidade que temos para criar uma mentira e sim a facilidade que temos em acreditar nela.

    E foi isso que aconteceu com a polêmica da taxação do PIX. Não havia e não houve e nem haverá taxação, mas não adiantou as inúmeras falas das autoridades do país. O presidente da república, o ministro da fazenda, vários outros ministros, políticos, todos vieram à luz para desmentir a notícia. Foi um esforço inútil e um forte desgaste para o governo.

    Todos preferiram acreditar na mensagem enviada no WhatsApp pela tia da mãe do cunhado do sogro de uma prima qualquer que mora em São Sebastião do Rio Sem Peixe. Ai sim, a credibilidade era absoluta.

    Isso é o que nos espera em 2025 já que em 2026 teremos novas eleições majoritárias. A campanha política começou e as expectativas são as piores possível.

    E sendo assim, um bom ano novo velho para todos nós!

     

    Segunda, 24 Março 2025 21:43

    Mais do mesmo...

    Chegamos ao terceiro mês do ano e, como sempre, a vida começará agora mesmo com a ressaca do carnaval.

    A situação econômica do brasileiro vem passando por duas fases distintas. Ao mesmo tempo que o desemprego está em baixa o que significa dizer que o número de vagas de emprego com carteira assinada está em crescimento, o que é uma boa notícia, por outro lado, mesmo com o consequente aumento da renda gerado pelo aumento do emprego, os preços, principalmente dos alimentos estão bastante elevados.

    Esses preços estão tão elevados que já escolhemos um vilão. O café, produto que o brasileiro não consegue ficar sem, vem apresentando preços cada vez mais altos e muitos especialistas na área dizem o preço da saca de café nunca esteve tão alto como nos últimos 50 anos.

    E dessa forma, muitos se perguntam, principalmente em frente à gondola do supermercado o que está acontecendo e onde iremos parar com esses preços que não param de subir.

    Essa elevação do preço do café, o aumento do nível de emprego, o preço dos alimentos de uma forma geral, nunca tem uma resposta única e sim é o resultado de um conjunto de fatores. Esses fatores agem de tal forma que se pode afirmar que ocorre um efeito de multiplicação que torna uma análise que seria simples um verdadeiro transtorno.

    Vejamos a questão do aumento do emprego. Por que acontecendo isso? Uma primeira resposta vem de algo que muitos desavisados acreditam ser uma aberração que é o aumento dos gastos do governo. É um processo relativamente simples. O governo gasta com alguma coisa como, por exemplo, a duplicação de uma rodovia. Para isso contrata alguém que faça, esse alguém contrata outros alguéns pagando a esses salários. Compra matéria prima, máquinas, equipamentos, etc. Gera mais renda, mais dinheiro em circulação, novas empresas serão abertas para suprir essas novas demandas e por aí vai.

    Para ficar melhor compreendido, vamos pegar como exemplo a Fenacen, tão esperada por nós todos. Anunciada a festa, os cantores, uma roda começa a girar. Horários em salões são agendados, as lojas aumentam seus pedidos junto a seus fornecedores, o comércio gira, os negócios crescem. Alguém reclama disso? Tirando um ou outro mais emburrado, claro que não. A cidade agradece.

    E como essa multiplicação de renda afetaria os preços? Novas demandas são criadas. As pessoas desejam mais alimentos, roupas, televisão, geladeira... Como existe sempre uma defasagem entre o tempo que a pessoas querem gastar e o tempo que as empresas gastam para produzir, os preços tendem a aumentar. Não há crescimento econômico sem aumento de preço. Ainda não inventaram uma fórmula mágica que permita isso.

    Tá bom, dizem. Mas é o café? Está mais caro por causa disso? A resposta seria sim e não. Sim, porque reflete o aumento do consumo dos indivíduos e não, porque não é suficiente para explicar esse aumento.

    Ou pelo menos não é decorrente do aumento do consumo de café por parte dos brasileiros e sim por parte do consumo de café lá na China. Nos últimos anos o consumo do café na mesa dos chineses aumento cerca de 60% e ao mesmo tempo o volume da oferta não cresce da mais maneira.

    Secas, inundações (parece meio contraditório...) vem afetando a produção do café. O descontrole climático que muita gente jura de pé junto que não existe está cobrando seu preço. Aumentos da temperatura média do nosso planeta sofrido, vem reduzindo a produtividade da terra e afeta a produção de muitos produtos e aqui temos o nosso café.

    O multiplicador que é benéfico no caso do emprego e da renda se torna negativo no caso do café. A queda da produção dificulta a vida dos produtores, o preço elevado dificulta a vida dos consumidores, empregos são comprometidos e, como disse lá atrás, e por aí vai.

    Nunca há uma resposta única para eventos econômicos e sim é um resultado de um conjunto de fatores.

    No passado já foram o chuchu e o feijão, os vilões da história. Esse ano é o café. E no próximo ano, qual será?

     

    Segunda, 21 Abril 2025 21:40

    Vamos ser mais claros?

    Quando paramos para escutar os analistas econômicos, seja em rádio, tv ou em outras mídias, sempre temos a impressão que estamos diante de pessoas que se comunicam em outra frequência, em outra esfera ou dimensão, diante da complexidade do que falam.

    Parece que quanto mais complexo e incompreensível falam, mais parecem cultos e inteligentes.

    Teto de gastos, alavancagem, mark-up, dumping, hedge, trade-offs, arbitragem (não, não é um jogo de futebol...), blue-chips, holding, e por aí vai... se fôssemos listar todos, não haveria papel suficiente.

    Alguém poderia questionar tudo isso dizendo que toda área de conhecimento tem seus termos, seus jargões e com a economia não é diferente. Concordo com essa argumentação e tenho o mesmo sentimento. Se vamos a um médico e este nos diz que sofremos de alopecia grave começamos a nos descabelar achando que estamos, como se diz, pela bola sete e quando descobrimos o que temos, vamos nos descabelar realmente, ou seja, ficaremos calvos ou, popularmente conhecidos como carecas.

    Voltando para a questão da economia, temos que nos perguntar o que a nós, cidadãos comuns que não temos um conhecimento muito profundo da teoria econômica, interessa realmente.

    Dizer que investidores fizerem hedge não significa muita coisa ou se as blue-chips se valorizaram ou desvalorizaram é a mesma coisa. A nós, o que de fato interessa é saber se teremos emprego, se nosso salário vai conseguir chegar ao final do mês, se este mesmo salário será suficiente para comprar os produtos que precisamos, se poderemos ajuntar algum dinheiro ou se iremos tomar um susto quando olharmos os preços nas prateleiras dos mercados.

    Como entender quando alguém diz, um analista qualquer, que o aumento do emprego é algo prejudicial à economia porque pode gerar inflação e exigir que o Banco Central aumente os juros para desacelerar a economia. Afinal, saber que as pessoas, ou os agentes econômicos (é a mesma coisa, é só para dar um exemplo dessas terminologias herméticas...) estão trabalhando e ganhando seus suados salários prejudica a economia?

    Prejudica a quem afinal?

    Vejamos a questão do emprego. Recentemente o Ministério do Trabalho divulgou os números do CAGED (Cadastro Geral do Emprego e Desemprego) para janeiro deste ano. Se olharmos os dados para São Gotardo iremos saber que neste período foram admitidas 609 pessoas, enquanto tivemos 531 pessoas demitidas, gerando um saldo positivo de 78 pessoas e uma variação relativa de 0,95%.

    Pode parecer pouco, mas em dezembro de 2024 foram 359 pessoas contratadas e 871 pessoas demitidas, com um saldo negativo de 512 pessoas com uma variação relativa de -5,84% em relação ao mês de novembro.

    É uma boa notícia afinal. Boa para os trabalhadores, para o comércio, para a prefeitura que arrecada impostos, etc. Como imaginar que uma pessoa possa criticar estes números porque poderia gerar inflação? Então é melhor ficarmos desempregados e com uma inflação baixa? O que adianta inflação baixa se não temos dinheiro para comprar?

    O governo federal, tentando resolver esse imbróglio, lançou o crédito consignado para trabalhadores CLT. O que é isso? Um trabalhador com carteira assinada pode contratar crédito junto aos Bancos e o pagamento será descontado no seu contracheque.

    O resultado? As ações dos bancos dispararam nas bolsas, afinal irão ganhar um monte de dinheiro nessa liberação de crédito e as pessoas ficarão ainda mais endividadas.

    Irá estimular consumo? Provavelmente não.

    Afinal, o que adianta soluções mirabolantes e explica-las usando termos também mirabolantes?

     

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