Estamos próximos de um evento que movimenta nossa cidade. Julho é o mês da FENACEN, festa esperada ansiosamente por boa parte da população de São Gotardo.
Se tornou um festival importante para a cidade não só pelas atrações que traz para a cidade, mas principalmente pelo estímulo que gera para a atividade comercial.
Roupas são compradas, salões de beleza se deparam com suas agendas cheias, comércios diversos como sapataria, lanchonetes, restaurantes, hotéis, se deparam com uma forte demanda pelos seus serviços e arrisco a dizer que toda essa atividade não se limita a São Gotardo, mas 'transborda” para outras cidades no entorno.
Todo esse frenesi causado pela FENACEN tem uma lógica que é muito estudada por economistas, administradores, gestores públicos e carrega, formalmente, o nome de efeito multiplicador da renda e do investimento.
É uma lógica muito simples. Quando se anuncia um evento qualquer, com o nome de alguns cantores conhecidos nacionalmente, toda a cidade se movimenta. Lojistas começam a pensar em como montar seus estoques para a época da festa, hotéis se organizam para receber mais hóspedes, restaurantes se preocupam em contratar mais mão de obra para atuar naquele período assim como os comerciantes. Motoristas passam a disponibilizar seus carros para o transporte das pessoas, ambulantes se cadastram na prefeitura e no momento da festa, dentro de seus muros se instalam várias barracas de alimentos e bebidas.
É uma festa não só pela diversão ofertada como também para o comércio.
A cidade toda ganha. Ganha a prefeitura que arrecada mais, cresce o faturamento das atividades comerciais e de serviços.
Esse efeito multiplicador ocorre somente em festas como a FENACEM? A resposta a essa pergunta é não. Ocorre também no natal, no dia de finados, dias dos pais e das mães, namorados, etc, e é por isso que vira e mexe aparece um dia de alguma coisa.
A questão a qual quero chega é a seguinte. É, acredito, claro para todo mundo esse efeito benéfico de festas assim. Mesmo que não se coloque dentro dos termos formais das teorias, todos tem a percepção desses benefícios. A questão aqui, na verdade, é outra.
Esse efeito multiplicador provocado, por exemplo, pela FENACEM, ou FENAMILHO, ou qualquer outra, é na verdade um efeito multiplicador que gera efeitos no curto prazo. Passado o momento da festa, por algum tempo além, esses benefícios perdem força e passa a ser esperada, também de forma ansiosa, a festa que ocorrerá no ano seguinte.
Aqui devemos fazer uma distinção desses acréscimos de investimento e renda gerados pela iniciativa privada em busca de um lucro imediato e os acréscimos de investimentos e renda gerados pelo setor público, sejam as prefeituras, os Estados ou o Governo Federal.
Enquanto os empresários buscam ganhos imediatos, a lógica de uma política de investimento público não se pauta por ganhos imediatos e sim por ganhos de longo prazo. Ao se construir uma rodovia, um hospital, uma escola ou gastos com saneamento básico, iluminação pública, os efeitos desses gastos públicos se tornam de longo prazo, independente se haverá uma grande festa neste ou naquele ano.
Dai a importância dos órgãos públicos em manter políticas fiscais (ou gastos) ativas. Haverá um crescimento na renda e no emprego que não se limitarão a um período específico de uma festa ou um evento e sim perdurará por mais tempo. Podemos pensar em vários exemplos do que estou falando, mas nada melhor do que pensar no projeto PADAP que fez com que São Gotardo se tornasse o que se tornou.
Para isso é necessário que o governo gaste. Antes de admirarmos a China, devemos ver que sem o estado chines, a China não seria o que é hoje.
Ou seja, temos que parar de repetir de forma inconsequente que o governo não pode gastar. Pode e deve. A história nos mostra isso.