Logo topo

    Segunda, 21 Abril 2025 21:40

    Vamos ser mais claros?

    Quando paramos para escutar os analistas econômicos, seja em rádio, tv ou em outras mídias, sempre temos a impressão que estamos diante de pessoas que se comunicam em outra frequência, em outra esfera ou dimensão, diante da complexidade do que falam.

    Parece que quanto mais complexo e incompreensível falam, mais parecem cultos e inteligentes.

    Teto de gastos, alavancagem, mark-up, dumping, hedge, trade-offs, arbitragem (não, não é um jogo de futebol...), blue-chips, holding, e por aí vai... se fôssemos listar todos, não haveria papel suficiente.

    Alguém poderia questionar tudo isso dizendo que toda área de conhecimento tem seus termos, seus jargões e com a economia não é diferente. Concordo com essa argumentação e tenho o mesmo sentimento. Se vamos a um médico e este nos diz que sofremos de alopecia grave começamos a nos descabelar achando que estamos, como se diz, pela bola sete e quando descobrimos o que temos, vamos nos descabelar realmente, ou seja, ficaremos calvos ou, popularmente conhecidos como carecas.

    Voltando para a questão da economia, temos que nos perguntar o que a nós, cidadãos comuns que não temos um conhecimento muito profundo da teoria econômica, interessa realmente.

    Dizer que investidores fizerem hedge não significa muita coisa ou se as blue-chips se valorizaram ou desvalorizaram é a mesma coisa. A nós, o que de fato interessa é saber se teremos emprego, se nosso salário vai conseguir chegar ao final do mês, se este mesmo salário será suficiente para comprar os produtos que precisamos, se poderemos ajuntar algum dinheiro ou se iremos tomar um susto quando olharmos os preços nas prateleiras dos mercados.

    Como entender quando alguém diz, um analista qualquer, que o aumento do emprego é algo prejudicial à economia porque pode gerar inflação e exigir que o Banco Central aumente os juros para desacelerar a economia. Afinal, saber que as pessoas, ou os agentes econômicos (é a mesma coisa, é só para dar um exemplo dessas terminologias herméticas...) estão trabalhando e ganhando seus suados salários prejudica a economia?

    Prejudica a quem afinal?

    Vejamos a questão do emprego. Recentemente o Ministério do Trabalho divulgou os números do CAGED (Cadastro Geral do Emprego e Desemprego) para janeiro deste ano. Se olharmos os dados para São Gotardo iremos saber que neste período foram admitidas 609 pessoas, enquanto tivemos 531 pessoas demitidas, gerando um saldo positivo de 78 pessoas e uma variação relativa de 0,95%.

    Pode parecer pouco, mas em dezembro de 2024 foram 359 pessoas contratadas e 871 pessoas demitidas, com um saldo negativo de 512 pessoas com uma variação relativa de -5,84% em relação ao mês de novembro.

    É uma boa notícia afinal. Boa para os trabalhadores, para o comércio, para a prefeitura que arrecada impostos, etc. Como imaginar que uma pessoa possa criticar estes números porque poderia gerar inflação? Então é melhor ficarmos desempregados e com uma inflação baixa? O que adianta inflação baixa se não temos dinheiro para comprar?

    O governo federal, tentando resolver esse imbróglio, lançou o crédito consignado para trabalhadores CLT. O que é isso? Um trabalhador com carteira assinada pode contratar crédito junto aos Bancos e o pagamento será descontado no seu contracheque.

    O resultado? As ações dos bancos dispararam nas bolsas, afinal irão ganhar um monte de dinheiro nessa liberação de crédito e as pessoas ficarão ainda mais endividadas.

    Irá estimular consumo? Provavelmente não.

    Afinal, o que adianta soluções mirabolantes e explica-las usando termos também mirabolantes?

     

    Encontre-nos

    Edição atual

    jd183 pag01

    © 2024 Jornal DAQUI - Todos os direitos reservados.