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    Terça, 20 Agosto 2019 15:01

    Sementes germinam e frutificam

    Escrito por Edson Carlos

    Há um ditado conhecido: a gente colhe o que planta. Claro, fácil entender. Plantou feijão, não vai nascer abóbora. Vai nascer feijão. Plantou ventos, colhe tempestades.

    Aí já passamos para a linguagem figurada. “Ventos”, no caso, simboliza algo negativo, do tipo raiva, ódio, vingança, violência. “Tempestades” são problemas, dificuldades, sofrimento.

    Não se sabe até que ponto isso pode ser verdadeiro, porque Jesus não era do tipo violento. No entanto, morreu de morte violenta, segundo a história. Mas há explicações para isso: é que ele, por sua mensagem de paz, incomodou os que adoram guerras.
    Seu exemplo não anula a verdade do ditado: colhe-se o que se semeia.

    E a humanidade, como um todo, pelo menos em nosso mundo mais conhecido – o chamado ocidental, cristão e marcado pela influência norte-americana de liberal-capitalismo – , tem colhido frutos preocupantes nos últimos 50 anos. Quais? Casos de depressão, autismo, esquizofrenia, dificuldades de relacionamento, déficits de atenção e hiperatividade, suicídios ou tentativas de suicídio e outros problemas mentais. E as vítimas preferidas têm sido os jovens.

    Esses nomes usados por médicos podem ser melhor entendidos se usarmos uma linguagem do dia-a-dia: eles não conversam, não cumprimentam, não lhe dão um bom-dia, não colaboram, não são prestativos mas exigentes, se irritam quando não atendidos na hora, não se desgrudam do celular, não guardam a toalha, nem os sapatos, nem a mochila, não praticam exercícios físicos, ficam horas recolhidos em seus quartos. A lista vai longe.

    São problemas que gostaríamos de não ter. Seria o caso de se perguntar: foram plantados? Quem os plantou? Como?

    Um livro, pode-se dizer que recente pois sua primeira edição é de 2010, trata do assunto. Seu título em inglês é: Anatomy of an Epidemic: magic bullets, psychiatric drugs, and the atonishing rise of mental illness in America. Foi traduzido para o português com o título: “Anatomia de uma epidemia. Pílulas mágicas, drogas psiquiátricas e o aumento assombroso da doença mental”. Fácil comprá-lo pela internete.

    O autor estuda os últimos cinqüenta anos de ciência psiquiátrica, e mostra como o uso imediato e exagerado de antidepressivos, antipsicóticos, ritalina, prozac, lítio, risperdal, e muitos outros neurolépticos, não melhorou a saúde mental dos pacientes, ao contrário piorou. Em seguida, vai à Finlândia e à Inglaterra conhecer experiências diferentes, e fica pasmo de descobrir um remédio barato, que existe há séculos, e que já era indicado pelos “pais da medicina”. Mas vou mantê-lo sob sigilo, para que o leitor preste atenção nos parágrafos seguintes. Ao final deste artigo, ficará sabendo.

    Voltemos ao ditado do início: você colhe o que planta. Com nossos filhos, também é assim. Nos últimos cinqüenta anos, mudou muito a relação entre pais e filhos. Para se ter uma ideia: dona Diva lavou a roupa da patroa por décadas no tempo em que não existia máquina. Ela teve vários filhos. Todos foram criados, quando bebês, ao lado dela, enquanto fazia o serviço. Colocava o menino numa bacia, devidamente quentinha com cobertores. Quando chorava, ela estava ali, rente. Trocava fralda, dava de mamar, fazia um carinho. Nenhum estresse. Era assim.

    O exemplo serve para se dar ideia do quanto mudou. Hoje mães e pais ficam pouco com os filhos. Não conversam com eles, não brincam, não os iniciam em atividades físicas, não os tiram dos quartos. Terceirizam, em geral, esses momentos tão importantes para a formação do adulto que eles serão um dia. Deixam com as babás, que nem sempre estão preparadas para essa função. Ou, certamente pior, com os programas de tevê, filmes, joguinhos, cuja qualidade nunca avaliaram (e às vezes nem têm condições de avaliar). E agora, mais recentemente, com o celular, que significa na verdade uma bomba atômica na mão de uma criancinha.

    Agora que o espaço acabou, vamos ao segredo: sabe o que o autor do livro descobriu? Que os médicos vêm receitando exercícios físicos para seus pacientes com perturbações do tipo que citamos acima. Ginástica, caminhada, corrida, movimentos com braços e pernas, musculação, atividades braçais.

    E sabe o que mais? Conversar, reunir a família, rir junto, contar casos, interagir. Dá pra você? Essas são sementes que dão bons frutos e que seria bom semear bastante.

     

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