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    Sábado, 05 Março 2022 21:38

    Balanço da violência em 2021

    Escrito por José Eugênio Rocha

    Recém graduado em nova patente, Capitão Adriano comanda um destacamento de mais de 30 militares, responsáveis pela segurança de São Gotardo e cidades vizinhas como Rio Paranaíba, Matutina e Tiros. Ele assume o novo posto já familiarizado com a realidade local. Em entrevista ao Jornal Daqui, Capitão Adriano faz um balanço do ano de 2021, compreendendo os principais delitos registrados pela Polícia Militar, e das ações efetivas no combate à criminalidade. Com enfoque nos delitos de maior gravidade como Homicídio, Assalto e Estupro... há que destacar, além de uma estabilidade com tendência de queda nos registros apurados, um alto índice de solução dos 'casos' onde a maioria dos autores desses delitos foram identificados ou presos. Ao todo, foram 4.871 ocorrências registradas e atendidas pela Polícia Militar ao longo de 2021. Veja a entrevista:

    Em linhas gerais, como o senhor avalia o ano de 2021 em relação às ocorrências registradas?

    Em relação aos anos anteriores nós podemos listar alguns pontos que consideramos mais relevantes. O primeiro deles diz respeito ao número de homicídios consumados. Em 2021 foi mantida a média dos últimos anos. Fizemos um levantamento dos últimos 10 anos, e a média é de oito homicídios por ano; alguns mais, outros menos. Em 2021 foram registrados nove homicídios, mas em anos anteriores já houve números maiores, como onze em 2018, e dez homicídios em 2019. Um dado que nos preocupava era a alta incidência no distrito de Guarda dos Ferreiros, e graças a um trabalho mais efetivo conseguimos diminuir esses números lá no distrito.

    Outra área que sempre inspira preocupação para a Polícia é em relação aos assaltos. Como foi em 2021?

    Para esclarecer melhor, há o Furto, que é quando o ladrão invade uma casa, por exemplo, quando o morador está ausente, não havendo violência na ação. E tem o assalto ou roubo, onde há o emprego da violência como agressão ou uso de arma diretamente contra a vítima. Este caso é mais grave por envolver ameaça à vida, como o Latrocínio. Em relação a este crime temos conseguido reduzir sua prática nos últimos anos. No ano de 2019 foram 36 assaltos, em 2020, 31 casos, e em 2021 tivemos uma redução de 32%, quando foram registradas 21 ocorrências de assalto ou roubo, como queira chamar. É uma redução considerável, e eu ainda ressalto que houve uma queda acentuada desse tipo de crime em estabelecimentos comerciais, que era uma grande preocupação nossa. Tam-bém conseguimos reprimir esta ação na zona rural, nas fazendas, onde houve ape-nas um assalto registrado.

     

    Em 2021 foram registrados nove homicídios, mas em anos anteriores já houve números maiores.

     

    Esta queda se deve a um trabalho preventivo da Polícia, correto?

    Eu destacaria o patrulhamento rural, que é permanente, e também graças ao recurso do Olho Vivo que tem nos auxiliado e muito nesse trabalho.

    Na lista de crimes violentos, outra preocupação permanente é em relação ao Estupro. Como foi em 2021?

    Trata-se de um crime repugnante, e infelizmente os números registrados nos últimos anos ainda são preocupantes. Em 2019 foram 13 estupros, número que se repetiu em 2020. Em 2021 foram 11 estupros registrados. Ainda é um número alto. Cabe ressaltar que a maioria das vítimas são menores de idade, de crianças ou adolescentes vulneráveis. Como se sabe, na maioria dos casos o agressor tem vínculo de parentesco com a vítima. Ou é padrasto, ou tio, ou mesmo amigo íntimo da família da vítima. Para combater esse tipo de crime a Polícia atua em parceria com outros órgãos como o Ministério Público, a Assistência social e o Conselho Tutelar.

    E quanto à Violência Doméstica Capitão, a incidência é alta?

    A Lei Maria da penha e várias outras medidas tem ajudado a inibir esse tipo de crime, mas infelizmente ainda é alto. Em 2019 foram registradas 363 ocorrências de violência doméstica. Ou seja, ameaças, lesão corporal, e outros tipos de agressão onde a mulher é a vítima. Em boa parte dos casos o agressor faz uso de bebida alcoólica. Outra constatação é a condição de dependência financeira da mulher agredida, que muitas vezes está em uma condição fragilizada e, se sentindo intimidada, quase que obrigada a conviver com aquela situação. Em 2019 foram 363 casos de violência doméstica, em 2020, 326 casos e em 2021, 311 ocorrências registradas para esse tipo de crime.

    Nós implantamos aqui em São Gotardo um Programa, que já faz parte do portfólio da Polícia Militar, de Patrulha de prevenção á violência doméstica. Nós temos uma policial aqui do quartel, a Angélica, que fica exclusivamente para esse tipo de atendimento. Quando ocorre um registro de ocorrência de violência doméstica, o caso passa a ser monitorado pela militar. São nove etapas que incluem visitas à casa onde ocorreu o fato. (A respeito desse programa, o Jornal Daqui vai apresentar na próxima edição uma reportagem completa sobre este importante iniciativa da Polícia Militar).

     

    Em 2021 tivemos uma redução de 32%, quando foram registradas 21 ocorrências de assalto ou roubo.

     

    Outra linha de ação da po-lícia no combate à violência é o porte ilegal de armas, correto?

    Sim. Em 2021 fizemos a apreensão de 27 armas de fogo ilegais. Quase todas portadas por pessoas que representam risco, já com passagem pela polícia, ou dispostas a cometer um crime. Com estas apreensões, com certeza, estamos evitando a prática de crimes que poderiam ser cometidos com essas armas ilegais.

    Daí a importância do patrulhamento e da abordagem física de possíveis suspeitos...

    Sair à noite, patrulhar nos locais de maior risco, fazer a revista de pessoas quando há suspeita de alguma ilegalidade, são medidas preventivas importantes. É importante ressaltar que foram muito intensificadas no distrito de Guarda dos Ferreiros, pois em anos anteriores havia sido cons-tatada a grande incidência de pessoas andando armadas com faca nas ruas e bares. Por essa razão nós intensificamos e muito as operações de abordagem, onde apreendemos um grande número desse tipo de arma; com isso nós conseguimos diminuir bastante esse tipo de delito, pois a pessoa sabe que ela pode a qualquer momento passar por uma revista da polícia.

    Daí, a importância da polícia nas ruas, não é mesmo Capitão. Nesse sentido como o senhor avalia o efetivo policial hoje. É suficiente para dar conta de todo esse trabalho de prevenção e também de repressão ao crime?

    Sem dúvida precisamos aumentar o efetivo, mas sabemos também que há uma dificuldade, seja pela crise financeira que faz cair o número de concursos para contratação. Hoje precisaríamos de pelo menos mais 10 policiais. Mas a demanda é assim em todo o Estado. Hoje o nosso efetivo varia de 30 a 40 policiais; isso varia de acordo com a disponibilidade. Temos casos de afastamento por causa da contaminação pelo vírus da Covid; tem férias anuais, aposentadoria...

    É importante lembrar também que a polícia hoje dispõe de mecanismos estratégicos de inteligência, como é o caso do Sistema de monitoramento Olho vivo aqui em São Gotardo. Ajuda a diminuir a sobrecarga de trabalho, não é mesmo?

    O serviço de inteligência, além de suprir a ausência de policial nas ruas, coíbe a ação criminosa. Hoje nós temos catalogados a maioria dos infratores, e dos locais onde eles agem. Outra coisa que muita gente não sabe, as viaturas não saem ao léu, sem destino. A cada semana nós fazemos um monitoramento e identificamos os locais onde ocorre mais furtos, por exemplo. A partir desses dados nós encaminhamos viaturas para esses locais.

     

    Nós implantamos aqui em São Gotardo um Programa de prevenção à violência doméstica.

     

    Sabemos que a impunidade prejudica e muito o combate à violência, e sabemos também que esta é uma preocupação permanente da Polícia militar. Como o senhor avalia o resultado das operações policiais nesse sentido?

    O serviço de investigação é da Polícia civil, mas nós aqui procuramos contribuir sempre na busca e mesmo perseguição dos autores de um crime. Ao atender uma ocorrência nós vamos atrás do criminoso. Ás vezes batemos na porta de 30 ou 40 residência atrás de imagens que possam ajudar a identificar o autor.

    E quanto às estatísticas?

    No ano passado, por exemplo, nós conseguimos prender quase todos autores de homicídio e assalto. Aqueles que não foram detidos logo após o crime, nós identificamos e encaminhamos para a Polícia civil um boletim de ocorrências bem embasado com informações, como imagens e nome do suspeito.

     

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