Logo topo

    Sexta, 20 Dezembro 2024 22:04

    Entender algo complexo é simples.

    Uma ideia que sempre carrego comigo é que para entender economia não é necessário ser nenhum gênio voltado para pensamentos herméticos e esotéricos.

    Muitos estudiosos da economia se especializam em teorizar uma ciência utilizando-se ferramentas que, para muitos, são inacessíveis. Usa-se matemática em excesso como uma forma de demonstrar uma ideia e esse uso da matemática é de tal forma que antes de ser economista, uma pessoa precisa ser especialista em matemática.

    Alguns preferem, inclusive, adotar argumentos que, se levarmos ao pé da letra, acharemos que, se não entendermos o que foi dito, a culpa será, fatalmente, das estrelas.

    A verdade é que por mais que possa parecer, entender economia não é tão difícil assim e para começarmos a pensar melhor, temos que partir de um principio que afirma que existem pessoas que produzem alguma coisa e pessoas que consomem alguma coisa.

    Mesmo essa distinção não deve e não é, rígida. Aquela pessoa que produz também consome ao mesmo tempo que uma pessoa que consome também produz alguma coisa.

    Quem produziu precisa vender para alguém que precisa daquilo que foi produzido. Se alguém produziu sapatos deverá, portanto, vender esses sapatos para alguém que esteja precisando de sapatos. E para que essa venda ocorra é necessário que os produtos sejam trocados e para a ocorrência das trocas é necessário a existência de um elemento que realize a equivalência dos valores dos produtos, ou seja, o homem inventa o que nós conhecemos por dinheiro.

    O dinheiro e sua unidade de referência, a moeda, agiliza as trocas permitindo que as empresas vendam os seus produtos e que os consumidores encontrem o que precisa nas prateleiras das lojas comerciais.

    Assim, começamos a entender esse processo. As mercadorias produzidas devem circular, devem ser vendidas e compradas e, a cada produto, um preço. Preços esses que podem ser alterados se uma mercadoria é abundante ou escassa.

    Diante disso, começamos a pensar em questões mais complexas. As pessoas precisam trabalhar para obter o dinheiro que precisam para comprar os objetos que necessitam. Para que todos tenham emprego, a economia deve girar, ou seja, as mercadorias devem ser oferecidas a alguém e esse alguém deve compra-la. Se as mercadorias não giram, não ocorrem novas produções e não há mais trabalho para as pessoas.

    A questão se resume, então, em fazer as mercadorias circularem e ao mesmo tempo que as empresas que as produzem disputam a preferência daqueles que consomem com outros produtores, ou seja, é necessário que haja concorrência.

    Entramos aqui em uma área que se torna bem polêmica. É possível que os preços subam nessa circulação? A resposta é sim já que existe um lapso de tempo entre a chegada de novas mercadorias nas prateleiras das lojas e a vontade ou necessidade dos indivíduos em comprá-las.

    Assim, teremos inflação. O que vem sendo feito pelo Banco Central do Brasil para controlar a inflação? Joga-se a taxa de juros para cima gerando uma retração na circulação das mercadorias, reduzindo o número de vagas de empregos oferecidas pelas empresas já que ganhar dinheiro no mercado financeiro sem correr muitos riscos é algo bem tentador.

    É preciso aumentar o nível de emprego para evitar uma corrosão na estrutura social do país? É, com certeza. Mas para isso se faz necessário sempre manter estimulada a circulação de mercadorias e é isso que o governo federal vem fazendo quando aumenta os seus gastos.

    A cada vez que o governo gasta algum dinheiro compra alguma coisa de alguém que, para vender para o governo precisou produzir e, portanto, contratar alguém para produzir. Se aumentarmos os juros o governo não compra, as empresas não produzem e o emprego não cresce.

    Portanto, temos que parar de achar que o governo gastar é uma heresia. Gastar não é o problema e gastar mais do que recebe também não é um problema. O problema é onde o governo gasta. Se gasta pagando juros para a banca financeira, aí sim, é um problema.

    Cada centavo que vai para os cofres do sistema financeiro é um centavo a menos que utilizamos para comprar alguma coisa.

    Simples assim.

     

    Mais nesta categoria: « Um jantar conflituoso

    Encontre-nos

    Edição atual

    jd183 pag01

    © 2024 Jornal DAQUI - Todos os direitos reservados.