Chegamos ao terceiro mês do ano e, como sempre, a vida começará agora mesmo com a ressaca do carnaval.
A situação econômica do brasileiro vem passando por duas fases distintas. Ao mesmo tempo que o desemprego está em baixa o que significa dizer que o número de vagas de emprego com carteira assinada está em crescimento, o que é uma boa notícia, por outro lado, mesmo com o consequente aumento da renda gerado pelo aumento do emprego, os preços, principalmente dos alimentos estão bastante elevados.
Esses preços estão tão elevados que já escolhemos um vilão. O café, produto que o brasileiro não consegue ficar sem, vem apresentando preços cada vez mais altos e muitos especialistas na área dizem o preço da saca de café nunca esteve tão alto como nos últimos 50 anos.
E dessa forma, muitos se perguntam, principalmente em frente à gondola do supermercado o que está acontecendo e onde iremos parar com esses preços que não param de subir.
Essa elevação do preço do café, o aumento do nível de emprego, o preço dos alimentos de uma forma geral, nunca tem uma resposta única e sim é o resultado de um conjunto de fatores. Esses fatores agem de tal forma que se pode afirmar que ocorre um efeito de multiplicação que torna uma análise que seria simples um verdadeiro transtorno.
Vejamos a questão do aumento do emprego. Por que acontecendo isso? Uma primeira resposta vem de algo que muitos desavisados acreditam ser uma aberração que é o aumento dos gastos do governo. É um processo relativamente simples. O governo gasta com alguma coisa como, por exemplo, a duplicação de uma rodovia. Para isso contrata alguém que faça, esse alguém contrata outros alguéns pagando a esses salários. Compra matéria prima, máquinas, equipamentos, etc. Gera mais renda, mais dinheiro em circulação, novas empresas serão abertas para suprir essas novas demandas e por aí vai.
Para ficar melhor compreendido, vamos pegar como exemplo a Fenacen, tão esperada por nós todos. Anunciada a festa, os cantores, uma roda começa a girar. Horários em salões são agendados, as lojas aumentam seus pedidos junto a seus fornecedores, o comércio gira, os negócios crescem. Alguém reclama disso? Tirando um ou outro mais emburrado, claro que não. A cidade agradece.
E como essa multiplicação de renda afetaria os preços? Novas demandas são criadas. As pessoas desejam mais alimentos, roupas, televisão, geladeira... Como existe sempre uma defasagem entre o tempo que a pessoas querem gastar e o tempo que as empresas gastam para produzir, os preços tendem a aumentar. Não há crescimento econômico sem aumento de preço. Ainda não inventaram uma fórmula mágica que permita isso.
Tá bom, dizem. Mas é o café? Está mais caro por causa disso? A resposta seria sim e não. Sim, porque reflete o aumento do consumo dos indivíduos e não, porque não é suficiente para explicar esse aumento.
Ou pelo menos não é decorrente do aumento do consumo de café por parte dos brasileiros e sim por parte do consumo de café lá na China. Nos últimos anos o consumo do café na mesa dos chineses aumento cerca de 60% e ao mesmo tempo o volume da oferta não cresce da mais maneira.
Secas, inundações (parece meio contraditório...) vem afetando a produção do café. O descontrole climático que muita gente jura de pé junto que não existe está cobrando seu preço. Aumentos da temperatura média do nosso planeta sofrido, vem reduzindo a produtividade da terra e afeta a produção de muitos produtos e aqui temos o nosso café.
O multiplicador que é benéfico no caso do emprego e da renda se torna negativo no caso do café. A queda da produção dificulta a vida dos produtores, o preço elevado dificulta a vida dos consumidores, empregos são comprometidos e, como disse lá atrás, e por aí vai.
Nunca há uma resposta única para eventos econômicos e sim é um resultado de um conjunto de fatores.
No passado já foram o chuchu e o feijão, os vilões da história. Esse ano é o café. E no próximo ano, qual será?