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    Segunda, 26 Junho 2023 22:15

    As intenções são as piores possíveis...

    Escrito por Leonardo Camisassa

    Uma maneira muito fácil de se compreender os efeitos de uma política pública é procurar saber quem elogiou e quem criticou. Sendo mais específico se, por exemplo, o governo federal decidir reajustar o salário mínimo em 50% com certeza as centrais sindicais, os grupos de trabalhadores irão aplaudir e dizer, ad infinitum, que o governo tomou uma decisão acertada, que era isso mesmo que deveria ter sido feito e que demorou!

    Por sua vez, as associações empresariais, industriais e principalmente as associações comerciais irão colocar as mãos à cabeça, rolar no chão em desespero e gritar a pleno pulmões, para todos ouvirem, que seus empreendimentos não irão suportar esse aumento do salário mínimo, que irão quebrar, fechar as portas. Será o fim do mundo!

    Quero deixar claro aqui que eu somente dando um exemplo. Assim como falei do salário mínimo, poderia falar do sistema tributário, do sistema previdenciário, etc, etc, etc;

    Essa forma de enxergar as ações de um governo serve para entendermos a questão do arcabouço fiscal que foi para aprovação no Congresso no final do mês passado e até o momento em que escrevo não tinha sido votado. Mas, tudo indica que deverá ser, sim, aprovado.

    O arcabouço fiscal na verdade são as regras propostas pelo atual governo para a condução dos seus gastos e de suas receitas e que irá substituir o desastrado teto dos gastos imposto à sociedade brasileira no governo Temer.

    Podemos pensar de duas formas. Uma, que o teto do gasto tem sim que ser abandonado e que não deveria nem ter sido aprovado por ser um enorme contrassenso, um verdadeiro disparate que teve ter deixado o resto do mundo estarrecido diante do que foi proposto.

    É fato que o governo Lula deveria sim deixar de lado essa aberração do teto de gasto se tem a intenção de fazer um governo melhor para os brasileiros. Se bem que fazer um governo melhor do que os governos que tivemos nos últimos seis anos não é difícil. Afinal, ficamos seis anos andando para trás.

    Agora, o atual arcabouço fiscal proposto para substituir o teto do gasto não é a melhor decisão que o governo Lula poderia adotar. Seria algo assim: é ruim, mas é menos pior que o atual. Mas é ruim.

    É ruim porque, apesar de melhor que o teto do gasto, ainda não dá ao governo a capacidade de conduzir suas políticas fiscais com o propósito de tirar a economia do Brasil desse lamaçal ao qual foi lançado pelos dois governos anteriores e andarmos em direção a uma situação de crescimento de renda, de emprego, de consumo e de poupança.

    Como sempre digo aqui nesse espaço, é, no mínimo desconhecer a história econômica mundial, exigir que o Estado opere em uma situação de superávit. Não há economia capitalista que cresça com o governo retirando recursos da sociedade em busca de um imaginário superávit das contas públicas.

    E voltando à questão de quem elogia e quem critica, percebemos que quem está elogiando o novo arcabouço fiscal é exatamente aquele grupo que há décadas vem absorvendo de forma voraz os recursos públicos que é a banca financeira, ou, como a grande mídia corporativa gosta de dizer, a Faria Lima.

    É a mesma coisa de se perguntar se a raposa ficaria chateada se tivesse que tomar conta do galinheiro. O que é isso! Responderia prontamente a raposa. Farei isso com muito gosto, afinal, estou aqui para colaborar!

    E assim, colaborando e sempre com espírito cívico, a raposa vai engordando.

     

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